Le Progrès thérapeutique, jornal de Medicina, em seu número de 1º de março de 1869, dá conta de um fenômeno bizarro, tornado objeto de curiosidade pública no burgo de Bois-d’Haine, na Bélgica. Trata-se de uma jovem de 18 anos que todas as sextas-feiras, de 1h30min às 4h30min cai num estado de êxtase cataléptico; nesse estado ela fica deitada, braços estendidos, um pé sobre o outro, na posição de Jesus na cruz.
A insensibilidade e a rigidez dos membros foram constatadas por diversos médicos. Durante a crise, cinco feridas se abrem nos lugares exatos onde se localizaram as do Cristo, e deixam minar sangue verdadeiro. Depois da crise, o sangue para de correr, as chagas se fecham e são cicatrizadas em 24 horas. Durante os acessos, diz o doutor Beaucourt, autor do artigo, o reverendo Pe. Séraphin, presente às sessões, graças ao ascendente que ele tem sobre a doente, tem o poder de despertá-la de seu êxtase. Ele acrescenta: “Todo homem que não for ateu deve, para ser lógico, admitir que aquele que estabeleceu as leis admiráveis, tanto físicas quanto fisiológicas que regem a Natureza, também pode, à vontade, suspender ou mudar momentaneamente uma ou várias dessas leis.”
Como se vê, é um milagre em regra, e uma repetição do milagre das estigmatizadas. Como os milagres segundo a Igreja não são do campo do Espiritismo, julgamos supérfluo levar mais longe a busca das causas do fenômeno, e isto tanto mais quanto outro jornal disse, depois, que o bispo da diocese tinha interditado toda exibição.