Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1862

Allan Kardec

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Palestra

1. ─ Em vida tínheis recomendado que vos chamássemos quando houvésseis deixado a Terra. Fazemo-lo não só para satisfazer ao vosso desejo, mas sobretudo para vos renovar o testemunho de nossa simpatia muito viva e muito sincera, e também no interesse de nossa instrução, porque, melhor do que ninguém, estais em condição de nos dar ensinamentos precisos sobre o mundo onde vos encontrais. Assim, ficaremos felizes se quiserdes responder às nossas perguntas. ─ A esta hora o que mais importa é a vossa instrução. Quanto à vossa simpatia, eu a vejo e não a compreendo mais apenas pelos ouvidos, o que constitui um progresso.

2. ─ Para fixar ideias e não falar vagamente, e também para instrução das pessoas estranhas à Sociedade, mas presentes à sessão, perguntaríamos, para começar, em que lugar estais aqui e como nós vos veríamos, se o pudéssemos? ─ Estou perto da médium. Ver-me-íeis com a aparência do Jobard que se sentava à vossa mesa, porque os vossos olhos mortais não descerrados veem os Espíritos na aparência mortal.

3. ─ Teríeis a possibilidade de vos tornardes visível para nós? Senão o podeis, que é que o impede? ─ A disposição, que vos é inteiramente pessoal. Um médium vidente me veria. Os outros não me veem.

4. ─ Este lugar é o que ocupáveis em vida, quando assistíeis às sessões, e que vos reservamos. Portanto, aqueles que vos viram aqui devem imaginar que vos veriam tal qual éreis então. Se aqui não estais com o corpo material, estais com o corpo fluídico, que tem a mesma forma. Se não vos vemos com os olhos do corpo, vemos com os do pensamento. Se não vos podeis comunicar pela palavra, podeis fazê-lo pela escrita, auxiliado por um intérprete. Nossas relações convosco não são, pois, interrompidas pela vossa morte e podemos conversar convosco tão fácil e completamente como outrora. As coisas são mesmo assim? ─ Sim, e o sabeis há longo tempo. Este lugar eu ocuparei muitas vezes, mesmo sem o perceberdes, porque meu Espírito habitará entre vós.

5. ─ Há pouco tempo estáveis sentado nesse mesmo lugar. As condições em que agora estais vos parecem estranhas? Que efeito essa mudança produz em vós? ─ As condições não me parecem estranhas, pois não senti perturbação, e meu Espírito desencarnado desfruta de uma clareza que não deixa obscura nenhuma das questões que encara.

6. ─ Lembrai-vos de haver estado nas mesmas condições antes de vossa última existência, e encontrais algo mudado? ─ Lembro-me de minhas existências anteriores e acho que es tou melhorado. Vejo e assimilo o que vejo. Quando de minhas encarnações precedentes, Espírito perturbado, não percebia senão lacunas terrenas.

7. ─ Lembrai-vos de vossa penúltima existência, a que precedeu o Sr. Jobard? ─ Em minha penúltima existência fui um mecânico, roído pela miséria e pelo desejo de aperfeiçoar o meu trabalho. Como Jobard, realizei os sonhos do pobre operário, e louvo a Deus, cuja bondade infinita fez germinar a planta cuja semente havia depositado em meu cérebro.

(11 DE NOVEMBRO ─ SESSÃO PARTICULAR ─ MÉDIUM: SRA. COSTEL)

8. Evocação. ─ Aqui estou, encantado por ter a oportunidade de te falar (à médium) e a vós também.

9. ─ Parece-nos que tendes um fraco pela médium. ─ Não me censureis. Foi preciso que me tornasse Espírito para testemunhá-lo.

10. ─ Já vos comunicastes alhures? ─ Pouco me comuniquei. Em muitos lugares um Espírito toma o meu nome. Por vezes eu estava presente, mas não podia manifestar-me diretamente. Minha morte é tão recente que ainda sofro certas influências terrenas. É preciso uma simpatia perfeita para que possa exprimir meu pensamento. Em pouco tempo agirei indistintamente. Por ora ─ repito ─ não posso. Quando morre um homem um pouco conhecido, chamam-no de todos os lados, e milhares de Espíritos se apressam em revestir-se de sua individualidade. Foi o que me aconteceu em muitas circunstâncias. Asseguro-vos que logo depois da libertação, poucos Espíritos podem comunicar-se, mesmo por um médium preferido.

11. ─ Vossas ideias se modificaram um pouco de sexta-feira para cá? ─ São absolutamente as mesmas de sexta-feira. Pouco me ocupei das questões puramente intelectuais, no sentido em que as compreendeis. Como poderia, deslumbrado, arrastado pelo maravilhoso espetáculo que me cerca? Apenas os laços do Espiritismo, mais poderosos do que vós homens podeis conceber, podem atrair meu ser para a Terra que abandono não com alegria, pois isto seria uma impiedade, mas com profundo reconhecimento pela libertação.

12. ─ Vedes os Espíritos que aqui estão conosco? ─ Vejo principalmente Lázaro e Erasto; depois, mais afastado, o Espírito de Verdade, planando no espaço; depois uma multidão de Espíritos amigos que vos cercam, agradecidos e benevolentes. Sede felizes, amigos, porque boas influências vos disputam às calamidades do erro.

13. ─ Ainda uma pergunta, por favor. Conheceis as causas de vossa morte? ─ Não me faleis disso ainda.

(SOCIEDADE, 22 DE NOVEMBRO DE 1861)

14. ─ Quando vivo, éreis de opinião que a formação da Terra se dera pela incrustação de quatro planetas que se haviam soldado. Ainda sois da mesma opinião? ─ É um erro. As novas descobertas geológicas provam as convulsões da Terra e a sua formação sucessiva. Como os outros planetas, a Terra teve vida própria, e Deus não necessita dessa grande desordem ou dessa agregação de planetas. A água e o fogo são os únicos elementos orgânicos da Terra.

15. ─ Também pensáveis que os homens podiam entrar em catalepsia por um tempo indeterminado e que dessa maneira o gênero humano tinha sido trazido à Terra. ─ Ilusão de minha imaginação, que excedia os limites. A catalepsia pode ser longa, mas não indefinida. Tradições, lendas ampliadas pela imaginação oriental. Meus amigos, já sofri muito ao repassar essas ilusões com que alimentei o meu Espírito. Não vos enganeis mais. Aprendi muito e ─ posso dizê-lo ─ minha inteligência, pronta para abarcar esses vastos e diversos estudos, tinha guardado da última encarnação o amor ao maravilhoso e ao composto tirado da imaginação popular.

(BORDEAUX, 24 DE NOVEMBRO DE 1861) (MÉDIUM: SRA. CAZEMAJOUX)

16. Evocação. ─ Já é tempo de recomeçar? Então, o que quereis? Eis me aqui.

17. ─ Acabamos de saber de vossa morte. Como um dos campeões de nossa doutrina, quereríeis responder a algumas perguntas? ─ Bom, eu não sei bem com quem estou, mas os Espíritos me dizem que esta médium recebeu algumas mensagens publicadas na Revista e que me agradaram. É necessário que eu agora retribua. Não faz muito tempo que me ausentei da Terra, e dentro de alguns anos aí renascerei para retomar o curso da missão que tinha a cumprir, pois ela foi interrompida pelo anjo da libertação.

18. ─ Falais da missão que tínheis a realizar na Terra. Podeis dá-la a conhecer? ─ Missão de progresso intelectual e moral em estado de germe. A Doutrina ou Ciência Espírita contém os elementos fecundos que devem desenvolver, fazer crescer e amadurecer as modernas ideias de liberdade, de unidade e de fraternidade. Por isso não se deve temer de lhe dar um vigoroso impulso, que a fará transpor os obstáculos com uma força que nada poderá dominar.

19. ─ Marchando mais rápido que o tempo, não devemos temer que a Doutrina seja prejudicada? ─ Derrubaríeis os seus adversários. Vossa lentidão lhes permite ganhar terreno. Não gosto do passo lerdo e pesado da tartaruga. Prefiro o voo audacioso do rei dos ares. Observação: Isso é um erro. Os partidários do Espiritismo ganham terreno diariamente, enquanto os adversários o perdem. O Sr. Jobard é sempre entusiasta. Ele não compreende que com prudência se chega ao fim com mais segurança, enquanto que atirando-se de cabeça contra os obstáculos, a gente se arrisca a comprometer a causa. A.K.

20. ─ Como explicar, então, os desígnios de Deus vos arrancando da Terra de maneira tão súbita, se em vós tinha um instrumento necessário à marcha rápida da Humanidade para o progresso moral e intelectual? ─ Oh! Que alavanca seria uma parte dos espíritas com as minhas ideias! Mas não. O medo os paralisa.

21. ─ Podeis explicar os desígnios de Deus chamando-vos antes do término de vossa missão? ─ Eu não me aborreci. Vejo e aprendo para estar mais forte quando soar a hora da luta. Redobrai de fervor e de zelo pela nobre e santa causa da Humanidade. Uma só existência não basta para ver resolver-se a crise que deve transformar a Sociedade, e muitos dentre vós, que preparais os caminhos, revivereis depois de algum tempo, para ajudar novamente na obra santa e abençoada. Disse-vos o bastante por esta noite, não? Mas estou à vossa disposição. Voltarei porque sois um bom e fervoroso adepto. Adeus. Quero assistir esta noite à sessão do nosso caro mestre Allan Kardec.

22. ─ Não respondestes à minha pergunta sobre os desígnios de Deus, chamando-vos antes do término de vossa missão. ─ Nós somos instrumentos próprios para ajudar nos seus desígnios. Ele nos quebra à sua vontade e nos põe de novo em cena quando julga útil. Submetamo-nos, pois, aos seus desígnios, sem querer aprofundá-los, porque ninguém tem o direito de rasgar o véu que oculta aos Espíritos os seus decretos imutáveis.
Até logo!
JOBARD

(PASSY, 20 DE DEZEMBRO DE 1861- MÉDIUM: SRA. DOZON)

23. Evocação. ─ Não sei por que me evocais. Nada sou para vós e nada vos devo. Também nada responderei sem o Espírito de Verdade, que me diz que foi Kardec quem vos pediu que me chamásseis. Bom! Eis-me aqui. Que vos devo dizer?

24. ─ O Sr. Allan Kardec realmente nos pediu que vos evocássemos, com o fito de controlar diversas comunicações vossas, comparando umas às outras. É um estudo, e esperamos que vos presteis a isso, no interesse da Ciência Espírita, descrevendo a vossa situação e as vossas impressões desde que deixastes a Terra. ─ Eu não estava com a verdade em tudo, na vida terrena. Agora começo a saber. Minhas ideias, depurando-se da perturbação, chegam a uma nova claridade, e desde já me retrato dos erros de minhas crenças. Isso é uma graça da bondade de Deus, mas um pouco tardia. O Sr. Allan Kardec não tinha uma simpatia total por meu Espírito, e assim devia ser. Ele é positivo na sua fé. Eu sonhava e rebuscava, à margem da realidade. Não sei ao certo o que eu queria, a não ser uma vida melhor. O Espiritismo me veio mostrá-la e o mais esclarecido dos espíritas me ergueu o véu da vida dos Espíritos. Foi A Verdade quem o inspirou. O Livro dos Espíritos me fez uma verdadeira revolução na alma e um bem impossível de descrever. Mas houve em meu Espírito dúvidas sobre muitas coisas que hoje se me apresentam sob uma luz completamente nova. Eu vos disse, no começo de minha comunicação, que desembaraçando-se da perturbação, o Espírito mostra-me o que eu não via. O Espírito se afasta; seu desprendimento ainda não é total, entretanto, já se comunicou várias vezes. Mas, coisa provavelmente bizarra para vós é a mudança que se faz aos olhos dos evocadores nas comunicações do Espírito Jobard.

Em seguida, a mesma médium recebeu a seguinte mensagem espontânea: Jobard era um Espírito pesquisador, querendo subir, subir sempre. As ideias espíritas lhe pareciam um panorama muito acanhado. Jobard representava o espírito de curiosidade. Ele queria saber, saber sempre. Essa necessidade, essa sede o empurraram a pesquisas que ultrapassavam os limites daquilo que Deus quer que saibais. Não tenteis, pois, arrancar o véu que cobre os mistérios de seu poder! Jobard levou as mãos à arca e foi fulminado. Isso é um ensinamento. Buscai o Sol, mas não tenhais a audácia de fixá-lo, pois ficaríeis cegos. Deus não vos dá bastante enviandovos os Espíritos? Deixai, pois, à morte o poder que Deus lhe concedeu, o de levantar o véu àquele que o merece. Então podereis olhar Deus, Sol dos Céus, sem serdes enceguecidos nem fulminados pelo poder que vos diz: “Não vades mais adiante!” Eis o que vos devo dizer!.
A VERDADE
(SOCIEDADE, 3 DE JANEIRO DE 1862 ─ MÉDIUM: SRA. COSTEL)

NOTA: O Sr. Jobard manifestou-se várias vezes em casa do Sr. e Sra. P..., membros da Sociedade. Uma vez ele se mostrou espontaneamente, e sem que tivessem pensado nele, a uma sonâmbula que o descreveu de maneira muito exata e disse o seu nome, posto nunca o tivesse conhecido. Estabeleceu-se uma conversa entre ele e o Sr. P..., por intermédio da sonâmbula. Ele lembrou várias particularidades que nenhuma dúvida deixavam quanto à sua identidade. Uma coisa, sobretudo, os tinha chocado: é que, na única ocasião que tiveram de vê-lo na Sociedade, durante quase toda a sessão ele mantinha os olhos fixos neles, como se neles houvesse identificado pessoas conhecidas. O fato tinha sido esquecido e o Espírito do Sr. Jobard o recordou por intermédio da sonâmbula. O casal jamais tinha tido contato com ele em vida e desejava saber o motivo da simpatia que lhe parecia demonstrar.

Foi a esse respeito que ele ditou a seguinte comunicação:

“Incrédulo! Tu tinhas necessidade dessa confirmação da sonâmbula para acreditar em minha identidade! Ingrato! Esqueceste-me durante muito tempo sob o pretexto de que outros se recordam mais. Mas deixemos as censuras e conversemos. Abordemos o assunto para o qual me evocaste. Posso explicar facilmente por que minha atenção se havia fixado à vista do casal que me era estranho, mas que uma espécie de instinto, de segunda vista, de presciência, me levava a reconhecer. Depois de minha libertação, vi que nos havíamos conhecido precedentemente e voltei para eles ─ esta é a palavra. “Começo a viver espiritualmente, mais em paz e menos perturbado pelas evocações que por vias indiretas choviam sobre mim. A moda domina, mesmo entre os Espíritos. Quando a moda Jobard ceder o lugar a outro e eu entrar no nada do esquecimento humano, então pedirei aos amigos sérios ─ e com isso me refiro às inteligências que não esquecem ─ eu lhes pedirei que me evoquem. Então esgotaremos questões tratadas muito superficialmente, e o vosso Jobard, completamente transfigurado, vos poderá ser útil, o que ele deseja de todo o coração.”
JOBARD (À médium Sra. Costel)

─ Volto. Desejas saber por que manifesto preferência por ti. Quando eu era mecânico, tu eras poeta. Eu te conheci no hospital onde morreste, senhora!

JOBARD

(MONTREAL, CANADÁ, 19 DE DEZEMBRO DE 1861)

O Sr. Henri Lacroix nos escreve de Montreal que havia dirigido três cartas ao Sr. Jobard, mas este só havia recebido duas. A terceira chegou demasiado tarde, e ele só respondeu à primeira. Tendo sabido de sua morte pelos jornais, o Sr. Lacroix recebeu comunicações de vários Espíritos, assinadas Voltaire, Volney, Franklin, garantindo que a notícia era falsa e que o Sr. Jobard passava muito bem. A Revista Espírita veio remover as dúvidas, confirmando o acontecimento. Foi então que o Espírito do Sr. Jobard, ao ser evocado, deu a comunicação abaixo, cuja exatidão o Sr. Lacroix nos pede que controlemos. Meu caro mestre, dizeis que eu morri. Não estou morto, pois vos falo. Aqueles que se encarregaram de vos dizer que eu não era finado, certamente quiseram pregar-vos uma peça. Não os conheço ainda, mas os conhecerei e saberei por que motivo agiram assim. Escrevei a Kardec e eu vos responderei. Penso que não poderei responder pela prancheta. Em todo o caso, tentai, e farei o que puder. As vossas duas cartas, que recebi, contribuíram fortemente para me causar a morte. Mais tarde sabereis como. JOBARD Evocado a respeito, a 10 de janeiro, na Sociedade de Paris, o Sr. Jobard respondeu que se reconhecia como autor da comunicação, mas que o suposto retrato feito a seguir não era ele nem dele, o que acreditamos sem esforço, pois não se parece com ele absolutamente. ─ Como puderam contribuir para a vossa morte as duas cartas recebidas? ─ Não posso nem quero dizer senão que a leitura dessas duas cartas após a refeição determinou a congestão que me levou, ou se preferis, que me libertou.

OBSERVAÇÃO: Enquanto o médium escrevia essa resposta, e antes que a mesma fosse lida, outro médium recebeu de seu guia particular a seguinte resposta: “Explicação difícil que ele não dará em detalhes. Há coisas que Jobard não pode dizer aqui.” ─ O Sr. Lacroix deseja saber por que vários Espíritos vieram espontaneamente desmentir a notícia de vossa morte. ─ Se ele tivesse prestado mais atenção, facilmente teria descoberto a intrujice. Quantas vezes será necessário repetir que devemos desconfiar, quase que absolutamente, das comunicações espontâneas a propósito de um fato, afirmando ou negando deliberadamente? Os Espíritos só enganam aos que se deixam enganar.

OBSERVAÇÃO: Durante essa resposta, outro médium escreveu o seguinte: “Espíritos que gostam de tagarelar sem compromisso com a verdade. Há Espíritos que são como os homens: recebem uma notícia e afirmam-na ou a negam com a mesma facilidade.” É evidente que os nomes que assinaram o desmentido da morte do Sr. Jobard são apócrifos. Para reconhecê-lo, bastaria considerar que Espíritos como Franklin, Volney e Voltaire ocupam-se de coisas sérias e que detalhes dessa espécie são incompatíveis com o seu caráter. Isso só deveria inspirar a dúvida quanto à sua identidade e, conseguintemente, quanto à veracidade das comunicações. Nunca seria demais repetir: só um estudo prévio, completo e atento da Ciência Espírita pode dar meios de desmascarar as mistificações de Espíritos enganadores a que se expõem todos os noviços, aos quais falta a necessária experiência. ─ Respondestes apenas à primeira carta do Sr. Lacroix. Ele deseja uma resposta das duas outras, e principalmente da terceira que, como ele diz, tinha um cunho particular, e que só por vós seria compreendida. ─ Ele a terá mais tarde. No momento não posso responder. Seria inútil provocála, porquanto ele poderia estar certo de que a resposta não seria minha.

(SOCIEDADE ESPÍRITA DE PARIS, 21 DE FEVEREIRO DE 1862)
(MÉDIUM: SENHORITA ESTEFÂNIA)

Quando foi aberta a subscrição pela Sociedade, em favor dos operários de Lyon, um sócio lançou 50 francos, dos quais 25 por sua conta e 25 em nome do Sr. Jobard. A propósito, este último deu a seguinte comunicação: “Ainda uma vez vou responder, meu caro Kardec. Estou sensibilizado e reconhecido por não ter sido esquecido entre os meus irmãos espíritas. Obrigado ao coração generoso que vos levou a oferta que eu teria feito, se ainda vivesse no vosso mundo. Naquele onde agora estou não há necessidade de moeda. Assim, foi preciso tirá-la da bolsa da amizade para dar provas materiais de que eu estava tocado pelo infortúnio dos meus irmãos de Lyon. “Bravos trabalhadores que ardentemente cultivais a vinha do Senhor, quanto deveis crer que a caridade não é uma palavra vã, pois que pequenos e grandes vos demonstraram simpatia e fraternidade! Estais na grande via humanitária do progresso. Possa Deus aí vos manter e possais vós ser mais felizes. Os Espíritos amigos vos sustentarão e triunfareis!”

JOBARD

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