O vento - Fábula espíritaQuanto maior a repercussão da crítica, maior bem ela fará, chamando a atenção dos indiferentes. (ALLAN KARDEC)
O furacão queria, sozinho, dominar a planície,
No impulso impetuoso
Torturava com seu hálito quente
Um olmo secular, tronco enorme e nodoso.
De seus ramos fecundos ─ dizia ele ─ a semente
Podia juncar a terra, germinar e crescer;
Prevemos uma luta e olhemos o futuro
Repleto de obstáculos ao meu grande poder.
E os pequenos penachos verdes,
Desfolhando-se aos golpes da tormenta,
Perdem-se no ar, em turbilhões ligeiros.
Contudo as sementes escapam
Ao sopro que se esforça em varrer o seu voo.
A despeito de tudo, elas se fixam ao solo.
Contra as leis do amor e do saber austero
Que espalha o Espiritismo ─ a árvore da verdade,
O vento da incredulidade
Sopra, ulula e fere sem cessar.
Faz nascer e crescer o que pensa oprimir:
Quer liberar o germe... e o ajuda a semear.
C. DOMBRE (de Marmande)