Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1861

Allan Kardec

Voltar ao Menu
A terra prometida (Enviada pelo Sr. Rodolphe, de Mulhouse)

O Espiritismo se ergue, e em breve sua luz fecunda vai iluminar o mundo. Seu brilho magnífico protestará contra os ataques dos interessados em conservar os abusos e contra a incredulidade do materialismo. Os que duvidam sentir-se-ão felizes por encontrar nesta doutrina nova, tão bela e tão pura, o bálsamo consolador que os curará do ceticismo e os tornará aptos a melhorar e progredir, como todas as demais criaturas. Privilegiados serão aqueles que, renunciando às impurezas da matéria, se lançaram em voo rápido até o ápice das ideias mais puras e buscaram desmaterializar-se completamente.

Povos! Erguei-vos para assistir a aurora desta vida nova, que vem para vos regenerar; que vem, enviada por Deus, para vos unir em santa comunhão fraterna. Oh! Como serão felizes os que, ouvindo esta voz abençoada do Espiritismo, seguirem sua bandeira e cumprirem o apostolado que reconduzirá os irmãos tresmalhados pela dúvida e pela ignorância, ou embrutecidos pelo vício!

Voltai, ovelhas dispersas, voltai ao aprisco. Levantai a cabeça, contemplai o vosso Criador, e prestareis homenagem ao seu amor por vós. Retirai prontamente o véu que vos ocultava o Espírito da Divindade; admirai-o em toda a sua beleza; prosternai-vos, com o rosto ao solo, e arrependei-vos. O arrependimento vos abrirá as portas da felicidade, as portas de um mundo melhor, onde reinam o amor mais puro, a fraternidade mais estreita, onde cada um sente alegria na alegria do próximo.

Não sentis que se aproxima o momento em que vão surgir coisas novas? Não sentis que a Terra está em trabalho de parto? Que querem estes povos que se mexem, se agitam, se aprestam para a luta? Por que vão combater? Para quebrar as cadeias que impedem o progresso de sua inteligência; que absorvem a sua seiva; que semeiam a desconfiança e a discórdia; que armam o filho contra o pai e o irmão contra o irmão; que corrompem as nobres aspirações e que matam o gênio. Ó liberdade! Ó independência! nobres atributos dos filhos de Deus, que alargais o coração e elevais a alma, é por vós que os homens se tornam bons, grandes e generosos; é por vós que nossas aspirações se voltam para o bem; é por vós que a injustiça desaparece, os ódios se extinguem e a discórdia foge envergonhada, extinguindo o seu facho tremendo que projeta clarões tão sinistros. Irmãos! Escutai a voz que vos diz: Marchai! Marchai para essa brilhante meta que vedes diante de vós! Marchai para esse brilhante raio de luz que está à vossa frente, como outrora a coluna luminosa à frente do povo de Israel. Sereis conduzidos à verdadeira Terra Prometida, onde reina a felicidade eterna, reservada aos puros Espíritos. Armai-vos de virtudes; limpai-vos das impurezas, e então a rota vos parecerá fácil e a encontrareis juncada de flores. Percorrê-la-eis com um inefável sentimento de alegria, porque a cada passo compreendereis que vos aproximais da meta onde podereis conquistar as palmas eternas.

MARDOQUEU

TEXTOS RELACIONADOS

Mostrar itens relacionados

Utilizamos cookies para melhorar sua experiência. Saiba mais em nossa Política de Privacidade.