Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1861

Allan Kardec

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Sobre o Perispírito

DITADO ESPONTÂNEO

A PROPÓSITO DE UMA DISCUSSÃO QUE ACABARA DE HAVER NA SOCIEDADE

SOBRE A NATUREZA DO ESPÍRITO E DO PERISPÍRITO

MÉDIUM, SR. A. DIDIER

Acompanhei com interesse a discussão havida agora mesmo, e que vos pôs em tão grande embaraço. Sim, faltam às palavras cor e forma para exprimir o perispírito e sua verdadeira natureza. Mas há uma coisa certa. O que uns chamam perispírito não é senão o que outros chamam envoltório fluídico, material. Quando se discutem semelhantes questões, não são as frases que se deve buscar, são as palavras. Para me fazer compreender de maneira mais lógica, direi que esse fluido é a perfectibilidade dos sentidos e a extensão da visão e das ideias. Falo aqui dos Espíritos elevados. Quanto aos inferiores, os fluidos terrestres são ainda completamente inerentes a eles, portanto são matéria, como vedes. Daí os sofrimentos da fome, do frio etc., sofrimentos que não atingem os Espíritos superiores, visto que os fluidos terrenos são depurados em torno do pensamento, isto é, da alma. Para seu progresso, a alma sempre tem necessidade de um agente. A alma sem agente nada é para vós, ou, melhor dizendo, não pode ser concebida por vós. Para nós outros, Espíritos errantes, o perispírito é o agente pelo qual nos comunicamos convosco, quer indiretamente, por vosso corpo ou por vosso perispírito, quer diretamente por vossa alma. Daí as infinitas nuanças de médiuns e de comunicações. Agora resta o ponto de vista científico, isto é, a essência mesma do perispírito. Isto é outro assunto. Compreendei primeiro moralmente. Não resta mais senão uma discussão sobre a natureza dos fluidos, o que é inexplicável no momento. A Ciência não conhece bastante, mas lá se chegará, se a Ciência quiser marchar com o Espiritismo.

LAMENNAIS

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