8.
O Espiritismo não vem portanto negar a penalidade futura; vem, ao
contrário, constatá-la. O que ele destrói é o inferno localizado, com
suas fornalhas e suas penas irremissíveis. Ele não nega o purgatório,
visto que prova que nós estamos nele; ele define-o e precisa-o,
explicando a causa das misérias terrestres, e dessa forma faz crer nele
aqueles que o negavam.
Ele rejeita as preces pelos mortos? Bem ao
contrário, visto que os Espíritos sofredores as solicitam; ele faz disso
um dever de caridade e demonstra sua eficácia para trazê-los de volta
ao bem, e, por esse meio, abreviar seus tormentos.* Falando à
inteligência, ele trouxe de volta a fé aos incrédulos, e à prece aqueles
que zombavam dela. Mas diz que a eficácia das preces está no pensamento
e não nas palavras, que as melhores são as do coração e não as dos
lábios, as que se faz, e não as que se manda fazer por dinheiro. Quem
ousaria então censurá-lo por isso?
* Ver Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXVII: “Ação da prece”.