3.
À medida que o homem compreende melhor a vida futura, a apreensão da
morte diminui; mas ao mesmo tempo, compreendendo melhor sua missão na
terra, ele aguarda seu fim com mais calma, resignação e sem temor. A
certeza da vida futura dá outro curso a suas ideias, outro objetivo a
seus trabalhos; antes de ter essa certeza ele trabalha apenas para a
vida atual; com tal certeza ele trabalha tendo em vista o futuro sem
negligenciar o presente, porque sabe que seu futuro depende da direção
melhor ou pior que der ao presente. A certeza de reencontrar os amigos
depois da morte, de continuar as relações que teve na terra, de não
perder o fruto de nenhum trabalho, de crescer incessantemente em
inteligência e em perfeição, dá-lhe a paciência de esperar, e a coragem
de suportar as fadigas momentâneas da vida terrestre. A solidariedade
que ele vê se estabelecer entre os mortos e os vivos faz-lhe compreender
aquela que deve existir entre os vivos; a fraternidade tem assim sua
razão de ser e a caridade um objetivo no presente e no futuro.