46. Em vão se alega a utilidade de certas experiências curiosas, frívolas e divertidas, para convencer os incrédulos; é a um resultado contrário que se chega. O incrédulo, já propenso a escarnecer das mais sagradas crenças, não pode ver uma coisa séria naquilo de que se zomba, nem pode respeitar o que lhe não é apresentado de modo respeitável; por isso, retira-se sempre com má impressão das reuniões fúteis e levianas, onde não encontra ordem, gravidade e recolhimento. O que, sobretudo, pode convencê-lo, é a prova da presença de seres cuja memória lhe é cara; é diante de suas palavras graves e solenes, de suas revelações íntimas, que o vemos comover -se e empalidecer.
Mas pelo fato mesmo de ele ter respeito, veneração e amor à pessoa cuja alma se lhe apresenta, fica chocado e escandalizado ao vê-la mostrar-se em uma assembleia irreverente, no meio de mesas que dançam e das gatimonhas dos Espíritos brincalhões; incrédulo como é, sua consciência repele essa aliança do sério com o ridículo, do religioso com o profano; por isso tacha tudo de charlatanismo e, muitas vezes, sai menos convicto do que entrou.
As reuniões dessa natureza fazem sempre mais mal que bem, porque afastam da Doutrina maior número de pessoas do que atraem; além de que, prestam-se à crítica dos detratores, que assim acham fundados motivos para zombarias.